Deficiência e maternidade atípica: o capacitismo como marca social
Palavras-chave:
Maternidade atípica, Deficiência, Capacitismo, Ética do cuidado, NarrativaResumo
Narrar a própria existência constitui-se como um ato de deslocamento e ressignificação favorecendo processos de conscientização atravessados por dimensões sociais, históricas e subjetivas. Neste artigo, parte-se da narrativa de uma mulher, mãe de um adolescente com deficiência, para discutir as implicações do capacitismo sobre a maternidade e os modos de resistência que emergem na construção discursiva dessas vivências. Ao reconhecer o valor epistêmico das experiências singulares em sua dimensão social, compreende-se a narrativa como dispositivo de produção de conhecimento, situado na interface entre o individual e o coletivo. A análise fundamenta-se em referenciais que articulam narrativa, subjetividade e crítica social. As narrativas foram escritas especialmente para a pesquisa, com preservação da identidade da autora, e aparecem ao longo do texto na forma de epígrafes, seguidas de análise crítica. A discussão é organizada em três eixos: a maternidade atípica como experiência marcada pela invisibilidade e resistência, a deficiência como construção social sustentada por padrões normativos de corpo e mente, e a urgência de uma ética do cuidado que reconheça a interdependência humana e distribua coletivamente a responsabilidade do cuidado. Ao valorizar essas narrativas, buscamos contribuir para a desnaturalização do capacitismo e ampliar o debate sobre cuidado, maternidade atípica e justiça social.






