Revista Com Censo: Estudos Educacionais do Distrito Federal

Por uma história do ativismo negro em Brasília e Distrito Federal: algumas considerações metodológicas e contextuais

Marcelo José Domingos — 2025-04-07

Este artigo apresenta elementos metodológicos e conceituais de minha investigação de doutoramento sobre o ativismo negro no Distrito Federal, trazendo subsídios para que o professor da Educação Básica discuta o tema em sala de aula. Em minha tese The Modernist City, Racial Repression and Political Resistance: Narratives of National Security and Black Activism in Brasília, Brazil (1978–1988)^[1] –, pesquiso e analiso arquivos confidenciais e secretos sobre o ativismo negro brasileiro nos últimos anos da ditadura militar brasileira. Ao investigar conceitos de democracia racial, nação e anti-subversão em arquivos de inteligência e usando abordagem da corrente norte-americana Critical Archives Studies, demonstro como o Estado brasileiro elaborou sua narrativa de raça dentro da máquina burocrática, negando a existência de preconceito racial e a agência política negra. Minha pesquisa incorpora, também, uma perspetiva histórica vista de baixo por meio da análise dos testemunhos orais de ativistas negros e seu papel no complexo cenário político do Brasil na década de 1980.

^[1] A tese em questão foi defendia em novembro de 2022, sob orientação do Professor Seth Garfield (History Department, University of Texas at Austin). O trabalho foi desenvolvido com o suporte da SEEDF, por meio do Afastamento Remunerado para Estudos.

Formação continuada no espaço da Coordenação Pedagógica: diálogos sobre a organização escolar em ciclos

Tâmia Teles de Menezes Pereira — 2025-04-07

A organização escolar em ciclos está em vigor em todo o ensino fundamental da rede pública do Distrito Federal desde 2014, porém, seus pressupostos teóricos e metodológicos ainda são pouco discutidos entre os docentes. Isso pode causar impactos no processo ensino aprendizagem. Assim, esta pesquisa-ação, com o objetivo de promover reflexões sobre a organização escolar em ciclos entre os profissionais que já estão inseridos na prática, utiliza a coordenação pedagógica como espaço-tempo para promover estudo coletivo e colaborativo. Os dados analisados decorreram dos registros feitos durante a ação de formação realizada em dois momentos distintos. Foi possível observar que os docentes já possuíam uma aproximação com o tema, porém, algumas reflexões sugerem a necessidade de que outras ações de formação ocorram, uma vez que ainda resta significativamente presente a cultura da escola seriada pautada na reprovação. Dessa forma, esta pesquisa-ação corrobora a importância de ações de formação continuada, realizadas dentro do espaço escolar e que sejam pautadas no diálogo e protagonismo docente.

A inclusão de estudantes com deficiência na educação profissional por intermédio dos processos básicos e das dimensões da aprendizagem de Knud Illeris

Antonio Marcos Soares da Conceição — 2025-04-07

Entre o elenco de trabalhadores que atuam na Educação Profissional inclusiva existe uma preocupação crescente quanto à aprendizagem do estudante com deficiência. Os desafios para que o estudante com deficiência permaneça na Educação Profissional e Tecnológica - EPT inclusiva requerem providências como a implementação de recursos e estratégias específicas que vão ao encontro das necessidades do estudante. Este trabalho de cunho descritivo tem como objetivo conhecer as teorias da aprendizagem de Illeris (2013), bem como analisar as ações que visem à permanência estudante na EPT visto que o acesso já está garantido por meio da legislação. Pretendeu-se descrever, a partir de um estudo qualitativo, de tipo bibliográfico, as considerações do teórico Illeris (2013), a respeito da compreensão abrangente sobre a aprendizagem humana, dialogando sobre a inclusão do estudante com deficiência na EPT na intenção de contribuir para a inclusão e a integração de todos, sem distinção de dificuldades físicas, intelectuais ou sensoriais.

Utilizamos o Plano Educacional Individualizado (PEI) na Secretaria de Educação do Distrito Federal?

Joanna de Paoli — 2025-04-07

Este texto apresenta uma análise documental dos principais formulários da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF) relacionados ao acompanhamento pedagógico de estudantes da Educação Especial em salas regulares. Os documentos analisados incluem o Relatório de Avaliação e Intervenção Educacional, o Estudo de Caso, o Plano de Atendimento Educacional Especializado e o Formulário de Adequações Curriculares. Esses foram comparados entre si e com o Estudo de Caso e o Plano Educacional Individualizado (PEI), presentes em duas versões das Orientações Específicas para o Atendimento de Estudantes com Transtorno do Espectro Autista, do Conselho Nacional de Educação. Na SEEDF, a ausência de um documento com a denominação de PEI, amplamente citada nas legislações, pode gerar conflitos, como a falta de compreensão de que temos um documento com a mesma finalidade, o Formulário de Adequações Curriculares, ainda mais em composição com os demais documentos. A SEEDF foi assertiva em evitar associações com termos que, historicamente, estiveram muito alinhados ao modelo médico de deficiência. Contudo, essa situação também pode impactar em pesquisas nacionais que desconhecem as particularidades da SEEDF, levando à desconsideração do nosso trabalho pedagógico em uma perspectiva inclusiva. Mais do que mudanças de nomenclatura ou criação de novos documentos, é essencial avaliar as condições objetivas do trabalho pedagógico, como a informatização dos dados dos estudantes. A inclusão requer processos menos burocráticos e estratégias que promovam uma compreensão ampla dos estudantes da Educação Especial, além de um diálogo dinâmico entre os profissionais envolvidos.

Ensino de língua portuguesa: estratégias didáticas e metodologia ativa para o ensino da concordância verbal

Yasmin de Oliveira Brito — 2025-04-07

O presente artigo tem como proposta apresentar, debater e analisar o estudo de caso referente às aulas de Língua Portuguesa aplicadas de concordância verbal, a partir de uma metodologia ativa, no Centro de Ensino Médio Elefante Branco (CEMEB), escola pública de Ensino Médio do Distrito Federal, em duas turmas da 3ª série. Assim, serão feitas a exposição e a argumentação de como foi planejado e aplicado o tópico de conhecimento de concordância verbal, por intermédio de metodologias ativas-reflexivas pensadas por Pilati (2024) e Ramalho (2012), com elaboração de jogo em formato de baralho: o Baralho da Concordância Verbal na Construção de Sentidos. Dessa forma, cabe evidenciar como essa proposta pode inspirar estratégias em sala de aula, de forma a pensarem sobre novas práticas educacionais, com o fito de melhorar o ensino-aprendizagem de português como língua materna no Brasil. Portanto, há o convite para novas pesquisas, a fim de contribuir para a educação brasileira.

A tradução textual como mediadora no processo de análise morfológica e na construção de sentido no ensino/aprendizagem de língua estrangeira (inglês) para alunos surdos

Dulcimary de Freitas Alves Oliveira — 2025-04-07

A educação inclusiva de alunos surdos tem se demonstrado uma rica fonte de discussões acadêmicas, sempre em busca de estratégias de ensino e aprendizagem que sejam pertinentes e favoráveis a este público. Neste sentido, o presente artigo discute o uso da tradução textual como mediadora na prática de ensino de língua estrangeira (inglês) para alunos surdos em escolas regulares. Trata-se de um estudo teórico, pautado na proposta de Gaustad (2000) de uma análise morfológica, a partir de exercícios de tradução textual, para alunos surdos. São discutidos ao longo do texto algumas peculiaridades no processo de aquisição de linguagem destes aprendizes para que se compreenda melhor este contexto de ensino.

A formação de professores para a diversidade: um estudo sobre as licenciaturas do Instituto Federal de Brasília em perspectiva interseccional

Roberta Fernandes Batista — 2025-04-07

No Brasil, a desigualdade é uma naturalização da violência cotidiana vivida por homens e mulheres, influenciada por gênero, raça e classe. É fundamental considerar a interconexão dessas disparidades e a necessidade de incluir e priorizar os grupos marginalizados na compreensão de suas perspectivas e interpretações da realidade. A educação desempenha um papel crucial na promoção da igualdade e no combate à desigualdade, e professoras(es) e estudantes são protagonistas na mediação do processo de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, este estudo tem como objetivo analisar o lugar da diversidade no currículo dos cursos de licenciatura do Instituto Federal de Brasília (IFB), com foco na integração das questões da diversidade no currículo e no alinhamento com as diretrizes curriculares nacionais para a formação de docentes da educação básica. Este estudo qualitativo utilizou a análise documental a partir de uma perspectiva interseccional, priorizando as categorias de gênero, raça e classe.

Práticas inovadoras na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal

Alessandra Valéria de Paula — 2025-04-07

O objetivo principal deste artigo é revisitar o conceito de inovação educacional sob as lentes de Zabalza (2014); Garcia (1980) e por meio de três ações públicas que ensejaram transformações pedagógicas e sociais no Distrito Federal. A primeira delas é a criação dos Centros Interescolares de Línguas – CILs, ação de baixo para cima, bottom-up, proposta e vitalizada por uma professora atenta às demandas da comunidade escolar, a qual faz desta unidade da Federação referência em ensino de Língua Estrangeira – LE. A segunda é a abertura de Escolas-Parque - EPAR, modelo educacional concebido por Anísio Teixeira que propunha uma educação diferenciada, de qualidade e que envolvesse todos os aspectos que compõem o desenvolvimento humano. A terceira é a instituição da Jornada Ampliada no Distrito Federal como um dos meios integrantes de valorização docente, prática que se diferencia de outras capitais por seu formato de organização da carga horária de trabalho do professor. Essa ação traz benefícios para a ação pedagógica, impactando, substancialmente, na melhoria das condições de trabalho docente e na qualidade das aprendizagens dos estudantes. Abordamos o histórico, os avanços e recuos, a concepção de educação, os elementos caracterizadores de inovação educacional e as potencialidades dessas políticas públicas ao longo do artigo.

Sala de aula viajante: de aula multidisciplinar no ensino remoto durante a pandemia à oficina presencial no ensino médio integral (2020 e 2023)

Isabella de Araujo Goellner — 2025-04-07

Este texto relata a experiência de uma metodologia inovadora de sala de aula viajante, inicialmente concebida como aula interdisciplinar durante as aulas remotas causadas pela pandemia da COVID-19 em 2020. A sala de aula viajante evoluiu para uma oficina no ensino médio integral em uma escola com projetos de educação plurilíngue português-francês, da Secretaria de Educação do Distrito Federal. As aulas interdisciplinares na sala de aula viajante buscam proporcionar aos alunos uma imersão em conhecimentos culturais, históricos e espaciais, afastando-se do fetichismo espacial. O relato destaca a importância de compartilhar práticas educacionais inovadoras para promover a disseminação de abordagens eficazes. O desenvolvimento da sala de aula viajante incluiu o uso de ferramentas virtuais, como o Google Earth e o Canva, além da participação de vídeos de guias turísticos virtuais para proporcionar uma experiência autêntica. O projeto foi replicado em diversas escolas, recebendo feedbacks positivos. Posteriormente, a metodologia foi adaptada para uma oficina semestral no Centro Educacional do Lago Norte, uma escola pública integral com projeto de educação plurilíngue. A escola integral é crucial para o sucesso do projeto, seguindo a política de Educação em Tempo Integral implementada em 2017 pela Secretaria de Educação do DF. O relato destaca a expansão do projeto para outras cidades ou países e relata a implementação da oficina "Viagem aos Países que Falam Francês", que proporcionou uma imersão virtual em diversos países, incluindo o uso de realidade virtual e experiências gastronômicas.

Discutindo a Guerra Cultural

Robson Santos Camara Silva — 2025-04-07

Em Domínio das Mentes, Aldo Arantes analisa criticamente a ascensão do neoliberalismo, da extrema-direita e das estratégias de dominação ideológica no Brasil e no mundo. A obra estrutura-se em duas partes, abordando desde fundamentos teóricos até propostas de resistência. Arantes denuncia o neoliberalismo, iniciado nos anos 1970, por promover a financeirização da economia, desregulamentação trabalhista e concentração de renda, ampliando desigualdades (apoiado em dados de Piketty e OXFAM). Governos como os de Temer e Bolsonaro são criticados por precarizar direitos sociais e trabalhistas, como a reforma de 2017 e o desmonte da CLT. O autor associa austeridade neoliberal ao fascismo como apontado por Clara Mattei, e expõe o uso do "Direito Penal do Inimigo" para perseguir opositores (ex.: Lawfare contra Lula). O livro trata como a extrema-direita, articulada por figuras como Steve Bannon e Olavo de Carvalho, utiliza fake news, algoritmos (via Cambridge Analytica) e plataformas digitais para disseminar ódio e desestabilizar democracias, como nas eleições de Trump e Bolsonaro. Associa como big techs, a exemplo de Facebook e Google, monetizam dados pessoais, manipulando comportamentos e eleições, enquanto a falta de regulação ameaça privacidade e autonomia. Denuncia a atuação de grupos neofascistas, setores de bancadas evangélicas, militares e think tanks (Instituto Millenium, LIDE) promovem agendas conservadoras, combate a direitos humanos e alinhamento ao capital. Arantes defende um "Plano Programático" para fortalecer democracia: distribuição de renda, educação pública, regulação de big techs, combate a fake news e reforma política com financiamento público. Inspira-se no "socialismo renovado" chinês, mesclando planejamento estatal e dinamismo de mercado. A obra alerta para os riscos da dominação ideológica neoliberal e da guerra cultural, enfatizando a urgência de unir lutas sociais, ética tecnológica e soberania nacional para construir um projeto democrático inclusivo.

Apresentação

Comitê Gestor da Revista Com Censo — 2025-04-07

Pensar 2034: da utopia ao ciclo virtuoso entre pesquisa-formação-publicação

Raquel Oliveira Moreira — 2025-04-07

Prólogo: Entrevistas Reunidas

Comitê Gestor Revista Com Censo — 2025-04-10

Educação, Cinema e a formação do pensamento crítico

Sérgio Moriconi — 2025-04-07

Entrevistas Reunidas: Dermeval Saviani

Dermeval Saviani — 2025-04-07

Entrevistas Reunidas: António Nóvoa

António Sampaio de Nóvoa — 2025-04-07

Entrevistas Reunidas: Carlos Roberto Jamil Cury

Carlos Roberto Jamil Cury — 2025-04-07

Entrevistas Reunidas: José Francisco Soares

José Francisco Soares — 2025-04-07

Entrevistas Reunidas: Márcia Ângela da Silva Aguiar

Marcia Ângela da Silva Aguiar — 2025-04-09

Entrevistas Reunidas: Pedro Demo

Pedro Demo — 2025-04-09

Entrevistas Reunidas: Cipriano Carlos Luckesi

Cipriano Carlos Luckesi — 2025-04-10

Entrevistas Reunidas: Genésia de Sousa Nogueira

Genésia de Sousa Nogueira — 2025-04-10

Entrevistas Reunidas: Djiby Mané

Djiby Mané — 2025-04-10

Entrevistas Reunidas: Carlos Lafaiete Formiga Menezes

Carlos Lafaiete Formiga Menezes — 2025-04-10

Entrevistas Reunidas: Carlos Lopes

Carlos Lopes — 2025-04-10

Entrevistas Reunidas: Benigna Maria de Freitas Villas Boas

Benigna Maria de Freitas Villas Boas — 2025-04-10

Entrevistas Reunidas: Luiz Zarref

Luiz Zarref — 2025-04-10

Entrevistas Reunidas: Lia Diskin

Lia Diskin — 2025-04-10

Entrevistas Reunidas: Tony Macedo et al.

Tony Marcelo Gomes de Oliveira — 2025-04-10

Entrevistas Reunidas: Gilka Girardello

Gilka Girardello — 2025-04-10

Entrevistas Reunidas: Lino Castellani Filho

Lino Castellani Filho — 2025-04-10

Entrevistas Reunidas: Manoel Barbosa Neres

Manoel Barbosa Neres — 2025-04-10

Entrevistas Reunidas: Eva Waisros Pereira

Eva Waisros Pereira — 2025-04-10

Entrevistas Reunidas: Adriana Almeida Sales de Melo

Adriana Almeida Sales de Melo — 2025-04-10

Entrevistas Reunidas: Renísia Cristina Garcia Felice

Renísia Cristina Garcia Felice — 2025-04-10

Entrevistas Reunidas: Carolina Raquel Duarte de Mello Justo

Carolina Raquel Duarte de Mello Justo — 2025-04-10

Entrevistas Reunidas: Marcia Martins de Oliveira

Marcia Martins de Oliveira — 2025-04-10

Entrevistas Reunidas: Luis Felipe Miguel

Luis Felipe Miguel — 2025-04-10

Entrevistas Reunidas: Luiz Augusto Campos

Luiz Augusto Campos — 2025-04-10